POSTAGEM MAIS ANTIGAS

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

INCOMPLETUDES

Minha madrugada só começa quando a vizinha do andar de cima desliga a televisão. São barulhentas – a vizinha e a TV. A criatura inanimada está sempre sintonizada em programas extravagantes. Já a outra prefere o toc toc do salto no assoalho. Quando elas dormem, eu acordo. Para as coisas que só podem ser escutadas graças à lisura do silêncio. Gosto desse momento porque sei exatamente quando acaba o dia e começa a noite: assim que ela desliga a televisão. A certeza desse instante me traz tranquilidade porque não percebo com facilidade os inícios e términos das coisas. Um relacionamento, um trabalho, uma amizade, uma festa, uma caixa de bombom. Para mim, começos e fins são terrivelmente confusos. Sempre me pergunto: será que isso está começando ou terminando? Erro, com frequência. Então, quando a vizinha do toc toc desliga o aparelho, tenho a confiança da chegada da madrugada. E outros bichos – além dos insones – também dão o ar da graça. Denunciam-se o cachorro de uivado sentido e o gato de miado chorado. E são os pássaros, quando cantam às cinco sediados na antiga árvore da rua ao lado, que anunciam o início do dia, ou o fim da madrugada. Ou será, pela ordem, o fim da madrugada e o início do dia? Sei lá. Eu disse. Nunca identifico direito quando começam e terminam as coisas. Mas, de uma coisa sei: minha madrugada só começa quando a vizinha do andar de cima desliga a televisão. E eu queria que na vida os sinais de início e término fossem tão claros assim – feito os sons e cores da madrugada. É pedir demais? Beijo, beijo – e me conta quais são os sons das suas madrugadas? Ok? Okay! Então tá bom!!!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A que ponto chega a paixão de um homem por uma mulher, que linda declaração de amor. Bom gosto é para poucos. Uma música única, uma pérola da MBP. É quando um homem entrega a sua fraqueza nas mãos de uma mulher, totalmente apaixonado. Poucos homens revelam suas fraquezas para uma mulher. Linda música aqui cantada por Edu Lobo e Tom Jobim. Um brinde aos amores impossíveis, e aquelas musas que adentram nossas vidas e assim como tornados quando passam nos viram de cabeça para baixo...

Luiza - Tom Jobim

FELICIDADE CLANDESTINA

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme; enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia” e “saudade”. Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia. Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo. E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados. Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. ::: “Livros nos trazem a vantagem de podermos estar sós e acompanhados.” Mário Quintana. (Clarice Lispector)

domingo, 28 de agosto de 2011

UM MISTÉRIO

Todos os dias passo muito do horário que deveria dormir. Mesmo sabendo que aquele sono será insuficiente.

Todas as manhãs acordo na minha hora, mesmo compreendendo que se levantasse 30 minutos antes não me atrasaria.

Todos os dias, como uma sonâmbula, vou para a cozinha colocar a cafeteira para funcionar. Uma xícara de café preto, duas fatias de pão quentinho, feito torrada, com manteiga ou queijo ou geléia.

Todas as primeiras horas do dia há um conflito do que fazer ou não primeiro. Todas às vezes tenho vontade de fazer nada. E, em todas elas me sinto culpada.

Todas as culpas não levam a lugar nenhum porque, culpada ou não, tudo continua sempre igual.

Todos os meus almoços são perto do chá das cinco. E os jantares ficam sempre pra mais tarde.

Todos os dias arrasto um chinelinho vermelho pela casa. Em todos os meses jogo uma dúzia de meias brancas fora.

Todos os dias acordo prometendo ser mais social, cumprir horários, atender os telefones, responder os emails, e sentir um pouco mais de prazer.

Todos os dias, no final de cada um deles, chego a conclusão que me engano.

:



“Um mistério: porque todo mundo sempre volta a cometer os mesmos erros”

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

ALMA EXPOSTA?

Tem um gatinho miando na rua há horas. Será frio? Angústia? Medo? Fome? O pobre está exposto, louco… de alma pelo avesso. Mia. Mia. Mia. Pensei em descer e ver o que se passa. Mas, faz frio aqui também. E não me agrada pentear o cabelo, descer as escadas. Na-não, obrigado, não quero esconder minh´alma do avesso. Talvez, por isso, o coitado do gatinho mie tanto. Não esconde a alma. Talvez, eu devesse miar também… Ademais, dizem os entendidos que a última moda é vestir a alma por fora. Tendência da estação. Mostra-se “pra valer” o que se tem por dentro. Sei não… Será que a alma pode ser mostrada, assim, tão exposta… a ponto de sairmos, com ela, pela rua afora? Saudações, nesta sexta-feira, minhas e do gatinho. Miau para vocês.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Eita, quanta força nesses versos, meu Deus! "Não espera vir a vida às tuas mâos...", "Faze em fera a flor ferida e vai buscar..." Vixe! Esse cara foi um injustiçado, porque não compactuava com as mutretas e com a idéia de "lixo acústico" que hoje infesta a nossa combalida mpb. Saudades de Elis Regina, Elizete Cardoso... Ah, Taiguara! Que pena que tua pena não escreva mais versos! Enfim...

marcelo23365 1 ano atrás 9

VIAGEM

desvarios


E se? Seria... Quem? Se... Iria… Aonde? Será… Vou. Volto. Caminho. Corro. Sigo por todos os lugares passeando pelas paisagens, admirando miragens… Passeio. Retorno. Paro. Contorno. Prossigo. Indefinida. Escrevendo. Rasgando. Sobrevivendo. Perguntando. Respondendo. Essa sou eu: complexa! Perplexa! Nota de Rodapé: Se eu fosse um número, seria... ímpar Se eu fosse um livro, seria... páginas Se eu fosse uma palavra, seria... rasura Se eu fosse uma expressão, seria... repetida Se eu fosse um verbo, seria... de ligação Se eu fosse uma frase, seria... incompleta
Eu não quero que me digam que vai correr tudo bem.... Só quero que me abracem quando choro.
UM LUGAR DEVE EXISTIR, UMA ESPÉCIE DE BAZAR, ONDE OS SONHOS EXTRAVIADOS VÃO PARAR..
Perfeita,envolvente,linda,mara­vilhosa,fantástica...enfim,não há uma definição exata para a grandeza e a beleza dessa música linda.E eu a amo!!!!!!!

Iluminados

CALÍCE

Certa vez conheci um alguém que se fazia de coitado.
Escrevia poemas de amor se dizendo o mais ferido, mais triste, o abandonado, o totalmente injustiçado.
E pregava sua dor como a mais pungente.Contudo, fora dos poemas era outra pessoa.
Um conquistador barato ou alguém fácil de ser conquistado. Ele só dizia sofrer para atrair pessoas ao seu redor. Fingia tudo. Só queria ser mimado.Um babaca total.
Há tantas maneiras mais inteligentes de viver e de ser rodeado por pessoas interessantes e ser "o coitado", com certeza não é uma boa escolha. Pelo menos para mim, eu não gosto de coitados!
É tão mais motivador ter um bom papo, saber usar o olhar, ser sedutor...
Bem, cada um escolhe a tampa da sua panela, não é mesmo?

Como cantou Chico, canto também: Afasta de mim esse cálice!
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ETC...ETC...

Li uma postagem que fala justamente sobre a perda dos prazeres simples da vida. Pois é... É incrível como, no passado, já nos empolgamos com coisinhas de nada! Coisas que hoje não nos tocam de forma alguma. Não acho que isso seja algum tipo de evolução. Empobrecemos, isso sim, ao perder tantas fontes de prazer.

1- Antigamente eu adorava o reinício das aulas. Eu curtia principalmente o cheiro do material escolar novo dentro da pasta e as meias novas bem branquinhas.

2- Eu adorava quando meu padrinho dizia que eu era uma tremenda cabrocha. Hoje em dia ninguém nem sabe o que é isso!

3- Eu adorava lamber a tigela com a massa crua do bolo que minha mãe fazia.

4- Eu adorava ouvir bilhões de vezes os mesmos discos de histórias. Hoje não temos discos de história, mas DVD's. A coisa piorou. Antigamente eu ouvia o narrador e exercitava incrivelmente a minha imaginação. Era muito mais legal. Hoje eles imaginam tudo no lugar das crianças... Não houve um empobrecimento? Houve.

5- Eu gostava de ouvir a conversa dos adultos e tentar entender o mundo deles. Tudo me parecia misterioso e interessante.


6-- Eu adorava, quando faltava luz. Era muito divertido brincar com a sombra na parede. Ríamos tanto, eu e meus irmãos!

7- Eu adorava brincar de roda. Em todos os aniversários havia brincadeira de roda.

8- Eu adorava, nos aniversários, a hora da distribuição dos balões. Era um para cada criança e ficávamos muito felizes e empolgados em receber um. Passávamos a festa toda escolhendo qual iríamos pedir. "Aquele verde vai ser o meu!" "Ah, vou pedir o branquinho!" Nossa!

9- Eu gostava de colecionar ossinhos de rabada. Depois de comer uma deliciosa rabada nada melhor do que lavar os ossinhos para brincar. Brincar de quê? Ora, a gente dizia que os ossos eram os boizinhos. Era empolgante ter um "rebanho".

10- Eu adorava "fazer bolo". Receita: farinha, água, açúcar. Colocava em uma panelinha, deixava a farinha inchar. Quando virava no pratinho, tínhamos um bolo absolutamente comestível. Eu achava uma delícia! Quando conseguíamos ter acesso à lata de leite em pó era a glória! Aí o bolinho ficava mais gostoso ainda.

11- Eu adorava fazer o contorno das figuras de uma revista furando-as com um alfinete. Depois de tudo furadinho eu colocava a imagem contra a luz e ela se iluminava! Era como se estivesse cheia de estrelinhas!!!!

13- Eu adorava caminhar pela casa com um espelho sob os olhos, de forma que o que enxergava era o teto, não o chão. Eu me confundia toda e isso era muito engraçado. Claro que de vez em quando dava de cara na parede, mas isso é mero detalhe.

12- Eu passava horas muito felizes brincando de ser princesa.

13- Etc, etc.

É, a vida já foi bem mais simples...

(do blog da Cristina)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

DEIXAR SER


Dia começou complicado, querendo me derrubar. Noite não dormida, dia atropelado. Noticias ruins. Indecisões. Sentimentos contrários.
Comecei o dia chorando - meio emoção, meio culpa, muito cansaço, físico e emocional. A eterna luta entre o que sou e o que querem que eu seja. Poderia ter entregue os pontos e tudo o mais. Arriado. Emaranhado tudo, sem ter solução ou lugar. Não, não eu. Choro sim, mas deve ser para limpar as lentes da vida, enxergar de dentro. Respiro. Paro de pensar, deixo a cabeça fincar o lugar, o coração acalmar, a alma fluir e resolver o que é melhor para mim. Distraio o problema, faço dele rotina, brincadeira, dando espaço para que as coisas se resolvam da melhor forma - e sempre há, mesmo que não seja o que queremos, ou desejamos. Mas há.
O dia passa. E meu silêncio ajuda, não interfere com meus tantos 'mas' e 'poréns'. Como quem segue o rio - e dizem que é outro rio que passa - eu me sinto outra. Deixo que a correnteza me leve a seu favor, quem sabe para o mar. Como se tudo fosse se encaixando, peças antes soltas, desconexas, amontoadas, agora desenhando belo quadro. Ou pelo menos melhor que a bagunça anunciada, generalizada, o caos, peças para todo lado. E assim sigo, deixando a coisa se encaixar, acomodar, uma solução aqui, uma resolução lá. Uma boa ideia acolá. Um sorriso no lugar da cara fechada. Um brilho no dito breu.
Como quem, feito menina, segue um balão...
A vida segue, toma seu curso, voa, mesmo que a gente não esteja preparada. Basta estar alerta, aberta, interessada. Ver nela seu lado bom, lado de voar. Basta se deixar ser. Ser o que se basta.

"Mas nem sempre é necessário tornar-se forte.
Temos que respirar nossas fraquezas."
Clarice Lispector

domingo, 14 de agosto de 2011

(...) tenho sempre a sensação de que meu coração sairá pela boca – e tenho urgências imensas. Sobretudo, tenho urgência em ser feliz! "

sábado, 13 de agosto de 2011

LAÇOS AFETIVOS

Tenho a alma esfomeada. Gosto de laços afetivos, de dias seguintes, daquela intimidade conquistada com o tempo.
Acho bonito quem tem vontade de amar. Porque não é nada fácil, eu sei...
E, tem coisa melhor do que uma pegação com desejo do corpo e também dos outros sentidos ? Com troca de olhares e aquelas palavras só nossas ?

Se não for assim, tudo bem, fico com a minha solidãozinha...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ai meu coração revirado!!! A vida é urgente. Música, por gentileza.Uma canção para salvar esse coração... encharcado? Chocolate, coca-cola, por misericórdia! Algum açucar nesse sangue tão absoluto de ser..


Pois, que... são pesados este corações internos.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

SARAMAGO


José Saramago
"se tens um coração de ferro, bom proveito. o meu,
fizeram-no de carne, e sangra todo dia."
Quando a gente gosta, a gente começa emprestando um livro, depois um casaco, um guarda-chuva, atéque somos mais emprestados do que devolvidos.
Gostar é não devolver, é se endividar de lembranças.

VERÍSSIMO

” Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados (…) ” Luís Fernando Veríssimo.

chico

´Hoje tenho apenas uma pedra no meu peito, exijo respeito não sou mais um sonhador, chego a mudar de calçada quando aparece uma flor e dou risada do grande amor...´ (Chico Buarque - Samba do grande amor)
“Vai ver era só dizer
A ela assim:
Moça, por favor
Cuida bem de mim.”

- Marcelo Camelo

terça-feira, 9 de agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

sem perguntas

Quando foi mesmo o dia mais feliz da minha vida?
Consigo lembrar de várias ocasiões nas quais eu exclamei que aquele era o dia mais feliz da minha vida. Lembro de ocasiões tolas, que não mereciam o rótulo, e de outras ocasiões relevantes. Mas tudo passou. E agora?


Acabei de imaginar uma coisa muito incômoda: e se o dia mais feliz da minha vida já aconteceu? E se, daqui por diante todas as minhas felicidades forem menores?


"MENINA, você já comeu muito chocolate da sua vida." E se um ser encapuzado aparecesse para me dizer isso? Eu ia reclamar: pô, deveriam ter me avisado na hora! Pelo menos eu comeria mais devagar.


Será que vivo em função de encontrar de novo "o dia mais feliz da minha vida?" Se vivo, tudo terminaria quando eu descobrisse que ele já foi. É como a gente ir tirando dinheiro do cofre na suposição de que existe muito mais lá dentro. Um dia a gente descobre que não há mais moedas de outro. "Se eu soubesse não gastaria tudo tão rápido."


E se eu já esgotei minha cota?


Chega de perguntas

domingo, 7 de agosto de 2011

eucaliptos na janela

Deixei poucas pessoas conhecerem a mulher que me habita. Essa de verdade, cheia de imperfeições e desordens íntimas, mas que carrega mais ternura do que se pode imaginar. Eu e meus olhos atrevidos, minha fome de amor, e essa fragilidade engraçada de quem quer ser a protagonista de um sonho bom.

Não que eu quisesse um compromisso com a eternidade, mas poucos souberam do meu corpo, das minhas marcas, das manhãs de preguiça e do rosto sem maquiagem. É que preciso acreditar para me mostrar. Porque se mostro meus medos, minhas incoerências e fraquezas, e só o que consigo é uma rasteira, fico tão desabitada.

Sou uma cidade vazia.


Acho que é por isso que por muito, muito pouco, fecho a porta e volto para a minha vida.

sábado, 6 de agosto de 2011

SALTO A SECO

SALTO A SECO
Me pari. Face a face. Face a faca. Olhei no espelho e não tinha a idade do meu rosto. Tinha nos olhos mil anos luz e mil rugas em cruz. Nos cantos da boca - o medo do salto. E aquela angustia solta pelo corpo. Angustia de boneca quebrada. Há momentos na vida em que, partidos ao meio, não dá para adiar, tem que ser pra já. Saltei! E fui juntando os restos de mim mesma como a florista que tenta reunir num ramo as rosas amarelas inacessíveis. Renasci iluminada. Sem muletas. Um a um, fui furando os balões coloridos dos meus sonhos ruins. E as bolas murchas na mão eram como pedaços de pele arrancados à minha fantasia. A realidade não doi, Elzinha! Ela é vida, movimento, dialética, A realidade é o meu momento, o teu momento, ali interno, seco e só. A realidade é como o pão: bom senso! Eu me seguro, tu te seguras, ele me segura, nós nos seguramos, vós nos segurais, eles não se seguram. Vou recuperando o universo da minha solidão. Enriquecida depois do salto. E eu. Vou ganhando de mim. Me desafiei e quase me reencontrei inteirinha pacificadada. Escrito por Elzinha e postado por Aline

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

janelas de mim

São duas horas da manhã. Essas madrugadas de leitura e solidão me fazem tão completa, tão serena, tão feliz. Alguns mantras, um cobertor nas pernas, um café para aquecer e me deixa ainda mais alegre.Quanta bobagem, né? Mas é assim mesmo que a gente acalma a alma, com um monte de coisa simples que no fim do dia (ou da noite) a gente chama de felicidade.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

REFLETINDO...

A águia gosta de pairar nas alturas,
acima do mundo, não para ver as
pessoas de cima, mas para
estimulá-las a olhar
para o alto.

Elizabeth Kubler Ross

SINCEROS SENTIMENTOS

Quando eu nasci, ninguém me prometeu que daria tudo certo.
Ninguém me falou que eu sorriria sempre, e que se chorasse, seria apenas de felicidade.
Ninguém me garantiu que meus amores seriam correspondidos.
Ninguém assinou um documento provando que o sucesso andaria sempre junto comigo.
Ninguém me assegurou de que os meus amigos seriam realmente amigos.
Ninguém afirmou que eu sempre teria dias sensacionais.
Ninguém me convenceu de que eu teria sempre tudo o que quisesse.
Então não posso reclamar de nada. A vida não é contrato, é fato.
Tentar não significa conseguir. Mas, certamente, todos que conseguiram tentaram.

Roberto Carlos e Tom Jobim cantam Ligia (som excelente)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

AFETO LITERÁRIO

O passado está na sala. No roupeiro. Nos pijamas. Nos quartéis de coisas guardadas para que a vida não seja tímida em acontecimentos. Trava luta imensa com o presente o passado descontente porque agora é luto. Uma criança talvez dissesse: O passado passou. Mas, na voz de um adulto, adulador de momentos, passado é aprendizagem. Mas a verdade é feto indecente. O que era tanto em significado, agora é pote de geleia, memória cega, cúmulo de amnésias, montante de nada que restou.
E a minha alma tem agora amplas
janelas, viradas a sul, com vista
para o lago dos teus olhos.

  Descuidou-se por um instante e as bolas escaparam, correram desnorteadas pela rua. Ela tentou agarrá-las, mas era tarde. As bolas correram...