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quarta-feira, 30 de maio de 2012

PAPOS MOTIVACIONAIS

O Facebook é um viveiro de frases motivacionais. Frases, imagens,
declarações, empurrões, reflexões, puxões de orelha... Tudo liiindo! E
inócuo. Debalde. Em vão.



Não sei se o mal está em mim. Talvez simplesmente eu tenha acordada
mau humorada mas não me sinto ajudada em nada com frases gloriosas do
tipo "O momento de ser feliz é agora" "Só depende de você!", "Pra
quê mágoa? Livre-se disso!", "Rancor faz mal à saúde", "Quando
levantar da cama, simplesmente decida ser feliz!" "Felicidade só
depende de você. Comece agora! Já! Imediatamente! Iupiii!!" Saco.
PAPOS MOTIVACIONAIS

Não estou dizendo que não seja verdade nem que a felicidade não
dependa de perdão. Depende sim, disso e de outras coisas incríveis. O
problema é que sair declarando isso em frases leves dá a entender que
a realidade não é complexa e que todos as pessoas tristes são, de
fato, uns idiotas. Afirmar que basta levantar da cama, olhar o sol e
decidir que "hoje vou ser feliz"... Isso é zombar da cara dos
outros.


Vivo lendo essas pérolas da elevação espiritual mas nunca reparei
nenhuma evolução em meu ser devido a essas leituras. Agora pense em
uma pessoa que esteja profundamente magoada: será que ela vai
conseguir se livrar da dor só porque viu um ursinho florido no
Facebook segurando uma placa com os dizeres "Não vale a pena guardar
mágoas" ?


Aliás, se estou com raiva e leio essas coisas acabo ficando com mais
raiva ainda. Juro. Ou porque as frases não levam a nada e parecem
zombar da minha dor ou porque quem postou quer que eu acredite que ele
vive flutuando em uma nuvem acima de todas as iras.


Sabe o moleque safo que faz malabarismos incríveis no skate? Pois é,
ele passa e grita para os amigos: "vejam só como é fácil! Não sejam
bobos! Qualquer um faz!"


Alguém parece rir de mim com essas frases edificantes; ou quem
conseguiu e sabe que não vou conseguir ou quem fez de conta que
conseguiu e está rindo de quem ficou encucado.


Isso tudo é como tentar resolver o problema dos gordos dizendo:
"EMAGREÇA HOJE!" Como é que você acha que o gordo se sente? "É fácil!
Basta comer menos! Qualquer um faz!"


"Seja Feliz!", em meus ouvidos, soa igualzinho a "Emagreça!". Não
serve para nada.


Só pra robustecer essa minha tese, amanhã vou acordar, olhar o sol e
decidir que "hoje vou ser feliz! Hoje nada me afeta!!!" Se
funcionar... eu vou ficar com cara de tacho mas vai ser legal. Se não
funcionar eu vou voltar aqui só pra dizer "eu sabia que era furada!"


Aguardem. CRISTINA FARON

domingo, 27 de maio de 2012

"...mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio deste lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado comigo: Um dia encontro." créditos: "Morango e Estrelas

Gabriel Garcia Marquez [Cem anos de solidão

Seu coração de cinza amassada, que tinha resistido sem fraquejar aos golpes mais certeiros da realidade cotidiana, desmoronou nos primeiros embates da nostalgia. A necessidade de sentir-se triste ia se transformando num vício conforme os anos a devastavam. Humanizou-se na solidão. Gabriel Garcia Marquez [Cem anos de solidão]

FERNANDO PESSOA

"Segue teu destino, regue as tuas plantas, ama as tuas rosas, o resto é sombra das árvores alheias." (Fernando Pessoa

quinta-feira, 24 de maio de 2012

MAL- AMADOS

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina. O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina. O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água. O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel. O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala. O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte. . “Os Três Mal-Amados”, do livro “João Cabral de Melo Neto -

Obras Completas”, Ed. Nova Aguilar S.A. - Rio de Janeiro, 1994, pág.59.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

ASSIM...

Entre um voo e outro, a corda bamba.
Ando. Perigosamente ciente de mim.

O poder dos Quietos

“O amor é essencial; a sociabilidade é opcional. Valorize aqueles mais próximos e queridos para você. Trabalhe com colegas de quem goste e a quem respeite, e não se preocupe em socializar com todos os outros. Relacionamentos deixam todos mais felizes, inclusive introvertidos, mas pense mais na qualidade do que na quantidade. O segredo da vida é colocar a si mesmo sob a luz certa. Para alguns são os holofotes da Broadway; para outros, uma escrivaninha iluminada.
Descubra qual deve ser a sua contribuição para o mundo e assegure-se de contribuir. Se para isso for necessário falar em público ou desempenhar outras atividades que o deixam desconfortável, faça assim mesmo. Mas aceite que são atividades difíceis, treine o necessário para facilitá-las e recompense a si mesmo quando terminar.
Aqui está a regra para eventos de networking: uma nova relação realmente boa e honesta vale uma dezena de cartões de visita.
Passe seu tempo livre como quiser, não da maneira que acha que deve. Fique em casa no ano-novo se é o que o deixa feliz. Falte a uma reunião. Atravesse a rua para evitar conversar banalidades com conhecidos aleatórios. Faça um acordo consigo de que irá a um certo número de eventos sociais em troca de não se sentir culpado quando faltar.

Se você for um gerente, lembre-se de que parte da sua mão de obra é introvertida, quer pareça, quer não. Pense duas vezes na maneira como dispõe o escritório de sua empresa. Não espere que introvertidos fiquem empolgados com escritórios abertos, festas de aniversário na hora do almoço, ou viagens de construção de equipe.
Quem quer que você seja, tenha em mente que as aparências enganam. Algumas pessoas agem como extrovertidos, mas o esforço custa-lhes a energia, a autenticidade e até a saúde física. Outros parecem distantes e reclusos, mas suas paisagens interiores são ricas e cheias de atividades.
Sabemos pelos mitos e contos de fadas que há muitos tipos de poderes diferentes no mundo. O truque não é ter todos os tipos de poder disponíveis, mas usar bem o que você recebeu. Aos introvertidos é oferecida a chave para jardins privados cheios de riquezas. Possuir essa chave é cair como Alice no buraco do coelho. Ela não escolhei ir para o País das Maravilhas – mas transformou isso numa aventura que era nova, fantástica e pessoal”.
Para quem quiser ler o livro todo: O poder dos Quietos, Susan Cain, editora Agir

domingo, 20 de maio de 2012

REFLETINDO

A felicidade é algo tão momentâneo, tão relativo, que quando ela chega, lhe faz esquecer que em algum momento você não esteve satisfeito com a sua vida e quando ela vai embora, lhe faz esquecer que sequer em algum momento ela existiu.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

A menina sentada sozinha, no banco daquela ruela torta, transborda numa tristeza delicada, feminina, solitária. Ela não entende porque os adultos desaprendem o amor, porque permanecem em histórias que não acreditam mais, e inventam distâncias que não existem, nem porque têm medo de revelar o querer, de repetir o revelado, de guardar o repetido.
Há também o sentimento de que suas alegrias andam muito pensadas, e talvez por isso pareçam sempre tão menores. Ela sente um frio, mas continua ali, sem querer se levantar, sem ânimo para ver do que a vida é mesmo feita. Porque têm coisas que parece que só ela acredita...
Porque o amor deveria ser urgente, as pessoas deveriam ignorar os medos intangíveis, e saber viver os instantes.
A menina ainda acredita no amor.
Mas, como saber o que é certo ?
(Eucaliptos na janela)
“Vou me explicar. Para ver uma coisa, é preciso compreendê-la (…) A curiosidade pôde mais que o medo,
e não fechei os olhos” – Jorge Luis Borges, no conto There are more things

domingo, 13 de maio de 2012

VOCÊ TEM UM BARQUINHO

Você fica se quiser. Há sempre uma chance de deixar tudo para trás. Há sempre um barquinho esperando pacientemente por você."

Verdade. O problema é que poucas pessoas enxergam esse barquinho, que está sempre por perto, flutuando em nossas águas. Ele não nos agride com propostas; ele é a proposta silenciosa que todos deveríamos escutar.

Algumas pessoas não ousam nem abrir a janela, nem respirar o ar puro . Como então enxergar um horizonte que possa ser cavalgado? A maior parte das janelas estão desertas, intocadas. A maior parte das janelas são virgens, não tem olhos sonhadores. Mas há janelas, há um horizonte infinito e um barquinho silencioso e promissor.

Converso com amigos e amigas, e todos têm problemas. E todos tem barquinhos azuis esperando para zarpar há anos, mas têm medo. Poucos entendem que não há carma, que não já fatalidade que não possa ser subjugada.

Acho que a mensagem mais libertadora do mundo é essa: há um barquinho esperando por você.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Às vezes a menina dava prá falar de amor.
Era o jeito que tinha prá chegar à vida dele.
Engraçado. Nessas horas ela era tão óbvia.
Quanto mais falava, mais ficava indefesa.
Cada vez mais à deriva.
Ia falando do amor, e perdendo consistência...
Perdia também a convicção.
A menina perdia tudo.
Menos a coragem.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

um dia de cada vez

- Se não tiver ninguém por perto eu choro mesmo.

.Não sei dizer se é agonia. Talvez eu chore apenas porque sou essencialmente só..... E vivo um dia de cada vez... Ahhhh Um dia a gente acaba sabendo tudo.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

CAZUZA

“A gente aguenta como da, sorri falso enquanto pode, e finge que está bem enquanto consegue.”

- Cazuza

  Descuidou-se por um instante e as bolas escaparam, correram desnorteadas pela rua. Ela tentou agarrá-las, mas era tarde. As bolas correram...