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terça-feira, 14 de outubro de 2014

(*) Trecho do livro Felicidade, de Eduardo Giannetti.

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Todo sofrimento humano, não importa qual seja, resulta de uma incongruência entre a nossa vontade e desejos, de um lado, e o curso dos acontecimentos que nos afetam, de outro. Como lidar com a discrepância entre aspirações e realidade? Há dois modos básicos de reduzir ou anular essa incongruência. Um deles é adaptando e moldando os nossos desejos ao curso dos acontecimentos; e o outro é transformando as circunstâncias com que nos deparamos de modo a que atendam aos nossos desejos. Como as circunstâncias com as quais nos deparamos não estão sob o nosso controle e como o mundo é regido por leis que independem de nossa vontade, só nos resta submeter e adaptar o que está à mercê da nossa vontade, ou seja, os nossos desejos e aspirações, ao curso dos acontecimentos. (*) Acho que é bem isso. Somos cada vez mais infelizes porque teimamos em querer saciar todas as nossas vontades, desejos e caprichos. Queremos que tudo aconteça do jeito que planejamos e sonhamos, e, quando as coisas fogem do nosso controle (e elas sempre fogem), ficamos emburradinhos. Desejar é bom. Mas desejar demais pode causar sérios danos ao nosso sistema nervoso e, hoje, vivemos a “tirania do desejo”, vivemos uma época onde somos iludidos pelo “marketing da felicidade plena”, cujo lema parece ser: “Você pode tudo”. Mentira. A gente não pode tudo, não. A gente pode uma coisinha aqui, outra ali, o resto depende das circunstâncias – essas que a gente não tem como prever e controlar. Adaptar os nossos desejos à realidade que nos cerca é melhor maneira de escapar – ou ao menos diminuir – esse sentimento de incompletude que nos atormenta. Não é se conformar com o que você tem ou é, e passar a existência com a cara na lama. É desejar de acordo com as oportunidades que vão surgindo nas nossas vidas. Usaríamos menos ansiolíticos se aceitássemos as nossas impossibilidades. (*) Trecho do livro Felicidade, de Eduardo Giannetti.

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