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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

PAIXONITE

de Bruna Bianconi Parece até que voltei no tempo, sou a menininha estranha de catorze anos que tem medo de se aproximar dos meninos que gosta e eu descobri isso rabiscando seu nome junto ao meu na última folha do caderno que é pra ninguém ver. O seu nome eu sei por que eu te procurei no facebook e mesmo não te adicionando quando eu digito a letra A você é a primeira opção que aparece, mas não te conhecer não me impede de suspirar toda vez que a gente se encontra e você sorri pra mim. Quando menos me dou conto estou lá sem tirar os olhos dos seus e sorrindo. É tão sincero, tão juvenil e puro que eu descarto a possibilidade de puxar assunto com medo de estragar esse encanto, de acabar com essa paixão que eu gosto tanto. Mas eu não acharia ruim se a gente se cruzasse mais do só pelos corredores da vida. Juro. Ai ai, nada melhor do que uma paixonite aguda!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Tem dias que a gente deseja imensamente ser esquecida num quarto escuro e sem mobília. Sonhando inclusive conseguir fazer com que nós mesmas esqueçamos de nós (e dos nós que nos atam)

CLARICE

“Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.” É da Clarice Lispector, mas podia ser meu…

terça-feira, 20 de novembro de 2012

“Há sempre uma parte de verdade no meio de um delírio” – Ralph Greenson

“Há sempre uma parte de verdade no meio de um delírio” – Ralph Greenson . Tenho tido dificuldade em discernir o que é realidade e delírio. Como se fosse possível. Como se fizesse alguma diferença. Toda vez que estaciono no meio termo, entre um e outro, a cabeça pára. Porque só aprendi a viver nos extremos. Só me entendo nos extremos. Desequilibro no centro, não nas extremidades. Então, fico ali, sem me mover, olhando para um lado e para outro. A razão à direita. A insensatez à esquerda. Esperando quem me agarre antes. Quando não se pertence verdadeiramente a nenhum dos lados, impossível não pensar em senso de oportunidade. Aquele que me quiser primeiro. Então aguardo. Tem hora que demora. Tem hora que não chega. A vida passa. E, passaram-se quase dois meses da última vez que falei aqui. Viu só como paraliso? Não sei explicar bem. Calo. Imobilizo. Poderia dar outros motivos, outras razões, dissecar um corolário. Mas, não. Como disse o escritor Guillermo Cabrera Infante, “poderia escrever mentiras, eu sei, mas a verdade é suficiente invenção”. O resto é consequência. O que posso dizer? Tenho tentado me encontrar nesse centro das coisas – nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Só no alvo, da minha própria vida. Consegue entender? Sei que pareço confusa. De resto, além de frequentar alguns abismos, viajei muito a trabalho, e, ainda devo viajar de novo nos próximos dias (Curitiba). Então, tudo está ainda um pouco baratinado. Mas, acho, as palavras começam a voltar. O que você acha? prossigo ou me exilo de vez? beijo, beijo – e, o que vocês andaram fazendo nestes últimos dias? câmbio, desligo. Segunda-feira, 15h35. Créditos senhorita ka

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

INSONE ESFOMEADO

Abro o livro e calo meu verbo. Ele se vira na cama. Cobre o corpo como se fosse inverno enquanto o calendário anuncia primavera. Olhe! Uma borboleta pousou em meu braço. Ele diz com a voz embargada que não barganha: Durma! E apague a luminária. Não obedeço. Continuo lendo e sigo com os olhos que precisam ver o voo da pequena borboleta que ainda é criança. Sinto a ânsia de me atrever. Inclino a cabeça para observar seu corpo. Ele dorme. Ergo as cobertas porque preciso descobrir o que elas escondem. Estou cautelosa e rítmica e percebo que o corpo adormecido reconhece minha presença. Insone esfomeada. Eu me altero. Preciso sentir em minha boca o arpão que atravessa peixes. Eu o coloco entre as mãos. O homem suspira em um sono que é leve (seu corpo está desperto). Estou despida e não me distraio. Ouço tiros a duas quadras. Mas a cena está fechada entre nós dois que desejamos iguais. Ele está em meus lábios. Pulsa e se ergue. Engulo o cerne em cheio. Sento ao seu lado e abre os olhos o anjo que é perverso sorrindo e dizendo que conhece meus ataques. Sentimos a mesma fome ou será diferente em cada um? Não quero interrogar. Ouvimos mais tiros. Em um segundo ou dois a madrugada se torna o silêncio de nossa respiração e logo ele está dentro de mim: afoito, translúcido, único. E já não há mais sono. Ele me coloca sobre seu corpo e agora me desfaço em movimentos que não são lentos e que são tão velozes. O arpão está lançado aos peixes. Eu me abro feito livro, asas, janelas de casas. Sou a mulher descansada e trêmula e não nos importamos com mais nada. Sou abraçada, permaneço calada e a luminária que não está apagada nos faz pensar que talvez estejamos em Paris. créditos LETÍCIA PALMEIRA

domingo, 11 de novembro de 2012

O QUE EU BEBI POR VOÇÊ

O que eu bebi por você não tinha motivo nenhum. Era mais pra molhar a garganta e deixei descer as coisas pra dentro, sentir arder a garganta e dar um longo bocejo esperando o mundo desaparecer. E quando uma coisa só não funcionava, eu misturava tudo num copo só pra ver se dava jeito. Mas não tinha jeito e o efeito só me fazia cair de um lado pro outro como se eu fosse algum equilibrista numa corda bamba – o que me fazia lembrar que era exatamente assim que eu me sentia com você. Eu só bebi por você pra ver se eu conseguia enxergar duas de você com a minha visão turva – com sorte a outra me quereria se você não me quisesse de vez. O que eu bebi também era pra acordar do lado de alguém que não fosse você. Mesmo que eu não me lembrasse de quantos táxis eu precisei pra chegar até ali e mesmo que o gato dela lambesse a minha cara pra acordar num sábado ensolarado qualquer. Eu bebi pra ver se o mundo rodopiava na minha frente e me deixava de frente pra alguma versão de você que me quisesse. O que eu bebi por você não tinha cerveja nenhuma. Eu tinha cevada de que seria uma tremenda duma burrada, mas eu subi naquela mesa e dancei com todo mundo como se as portas do bar me separassem das lembranças. Eu bebi por você pra ver se as coisas coloridas dariam jeito no meu humor cinza. Pra revirar o estômago e ver se matava as borboletas envenenadas. Pra botar pra fora tudo o que nem adiantava eu dizer pra você – porque isso não ia mudar qualquer tipo de sentimento que você tivesse, ou a falta deles. Os três copos quebrados, o dinheiro perdido, os nomes dos garçons trocados e alguns bons olhos roxos que consegui dos amigos feitos em vinte minutos me serviram pra esquecer por um tempo o que eu bebi por você. Algum som ligado e o barulho bem alto pra tapar meus ouvidos e me fazer ouvir qualquer coisa diferente que não ritmasse com a agonia que eu tava naqueles dias. Alguma taça molhada ou batom borrando a camisa, alguma bunda durinha que não parecia a sua, algum perfume doce demais que se misturava com a mistura e me rendia umas náuseas bacanas que em nada lembravam você. Uma mão ocupada, um par de calças no chão, os sentidos bombardeados, deitados no meu colchão. E fim. O que eu bebi por você tinha uma dose de brinde e brigas. E a minha impulsividade era sua pulsação, alcoolicamente ciente de que eu não a sentiria mesmo que fosse essa a intenção. E nenhuma das duas de você me queria, mesmo que eu tivesse certeza que as duas sorriam pra minha visão embaçada. Na fotografia. E eu do lado. Como dois de mim olhando pra você. Rejeitados. E daí eu apaguei. Como todo fim de semana eu apago. Sem afago, sem me lembrar de muita coisa. Com o telefone jogado no sofá. E o histórico não me deixa mentir: por mais que eu tentasse esquecer, tudo, tudo, tudo, tudo o que eu bebi só me fez lembrar de você. E eu bêbado de novo. (Inspirado na canção de mesmo título da Clarice Falcão) de Daniel Bovolento

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

“Difícil não amar gente inconformada, num mundo de mansos” – Alcir Pécora sobre Roberto Piva

BALZAC

Quanto mais infame é sua vida, mais o homem se importa com ela; ela se torna então um protesto, uma vingança de todos os instantes - Honoré de Balzac .

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

EU CREIO

Creio que, desde muito pequeno, minha infelicidade, e ao mesmo tempo minha felicidade, foi não aceitar as coisas com facilidade. Não me bastava que explicassem ou afirmassem algo. Para mim, ao contrário, em cada palavra ou objeto começava um itinerário misterioso que às vezes me esclarecia e às vezes chegava a me estilhaçar. (Julio Cortázar)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

AFETO LITERÁRIO

Na tentativa de agradar todos a flor comum se partiu ao meio. Arrancada de sua natureza singular, tornou-se plural para adornar duplos. E ainda não era o bastante. De suas metades foram feitos simétricos retalhos restantes. E logo a flor multiplicada estava espalhada por outros cantos. A pluriflor cortada serviu de ilustre natureza morta propícia para enfeitar estantes. (ao retalho restante) Eu fico me perguntando por que as pessoas precisam dormir tão cedo e, ainda que durmam, acordam cansadas, praguejando estufadas de suas vidas, e as mães, com seus filhos, sorriem em fotos e reclamam de suas crianças como se elas fossem as grandes culpadas por suas frustrações, seus seios flácidos, suas noites mal dormidas, seus coitos interrompidos. E as solteiras, quase sempre sem filhos, estão urrando por homens que existem apenas em páginas de livros. Cinquenta tons de cinza tem a vida. Eu sinto falta de amor porque eu não sei amar. Não sei e ainda não encontrei alguém que me possa ensinar. Mas como se ensina amor? Com quadro e giz? À força? Na ausência? Sinto falta de uma pessoa que não existe mais. Aliás, ela existe. Mora em outro país, está casado e vive feliz (de acordo com as normas da ABNT). Um dia me peguei lembrando e era tudo lembrança opaca e eu senti vontade de resgatar algum momento e, bestamente, salvar algo. Mas há naufrágios irrecuperáveis. Será que ele sabe o que eu sinto? E por que preciso dizer isto? Alguém me falou um dia: Você ainda não o esqueceu. Mas é claro que não o esqueci. Mas não por ele. O sujeito é apenas um homem de barba, cheio de traumas, e talvez ele tenha se tornado hipócrita. Eu não o esqueci porque aprendi, aos trancos, que passado bem tecido não larga de minha pele como se fosse tinta guache. Penso nas folhas que caem da árvore. Varrer todos os dias as folhas. Deixar tudo limpo. E, no dia seguinte, varrer novamente porque sempre haverá folhas para varrer, necessidade de comer, algo que nos faça sentir mal ou que nos faça sentir bem, um falso amigo, um calo nos pés ou nas mãos, um diabo a nos tentar, um deus a flagelar, alguns colapsos e muitos dias de pó guardados. E continuaremos a dormir cedo, embora saibamos que acordaremos sempre cansados. (LETÍCIA PALMEIRA)

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

muito lindo... o idiota feliz

Eu sei: nada acontece até que alguma coisa se mova. Qualquer coisa. Eu: inclusive. Eu: principalmente. Eu: o único que posso me arremessar para onde eu bem entender. Sim, eu posso. Você também. Todos podemos tudo: saltar alto, voar longe, ir além – subir na ponta dos pés e esticar o braço para alcançar lá no alto os devaneios. Devanear: verbo imperativo. Devaneios existem porque viver apenas não basta. É preciso burilar ideias improváveis, projetar sonhos impossíveis, lançar a cabeça às nuvens, poetizar o dia a dia. E mover, se não o corpo, o pensamento; se não os pés, o coração. Mover para caber algo mais em mim, algo extraordinário, algo que a lógica não prevê. Em vez disto, fazer aquilo. Em vez deste, gostar daquele. Celebrar o desábito, o descostume; desregrar-se das regras, e ser livre para poder escolher ventania quando a vida lhe oferece mormaço. É a vontade que determina o que eu posso. Mas cadê vontade de fazer o que eu posso?

ESSE CARA SOU EU - Roberto Carlos - COMPLETA - Com letra - TRILHA SONORA...

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

  Descuidou-se por um instante e as bolas escaparam, correram desnorteadas pela rua. Ela tentou agarrá-las, mas era tarde. As bolas correram...