"Apesar do medo, escolho a ousadia. Ao confronto das algemas, prefiro a dura liberdade. Voo com o meu par de asas tortas, sem o tédio da comprovação. Opto pela loucura, com um grão de realidade" Lya Luft
sábado, 25 de junho de 2016
sábado, 18 de junho de 2016
DESEJOS
Traga-me o mar e as rendas das canoas. Traga-me o chá de ervas que colore as mãos depois do abraço. Traga-me os ombros na véspera do sol. Traga-me a cabeleira de astros e a lareira de grilos. Traga-me a glória do limo e os degraus dentro da estante. Traga-me um rosto surpreso e o gancho da porta para pôr o casaco. Traga-me um pensamento que não foi sentimento. Traga-me o visco mais duro, o céu inconformado, o verde aposentado. Traga-me teu sotaque de praia, teu dialeto de inverno. Traga-me tuas notícias sem jornal, a ambulância da brisa. Traga-me os insetos em frascos e a boca aberta de espanto. Traga-me o ritmo das cartas sendo embaralhadas. Traga-me teu álbum de fotos e as figurinhas repetidas para trocar. Traga-me a conversa de corredor, a porta observada. Traga-me o filho no colo, a carícia dos ouvidos. Traga-me as frutas do pé e a horta do fim da casa. Traga-me as jóias falsas para as pedras disputarem corrida no piso. Traga-me a caridade ainda não descontada, a insatisfação aumentando. Traga-me os milagres que não aconteceram, a garrafa de água. Traga-me a renúncia, as gramíneas em caixotes, a colher do violão. Traga-me o medo da escada em caracol, as tampas de vidro dos perfumes. Traga-me teu nome do meio, a escritura do pessegueiro. Traga-me o cheiro da cidade natal, o estojo de linha e agulha. Traga-me o sótão de teus livros, a letra mais arisca. Traga-me teus problemas incomunicáveis. Traga-me a indulgência infantil ao açúcar. Traga-me o animal de estimação de seus cinco anos e sua desaparição repentina. Traga-me o perdão ao teu pai e à mãe, o pomar das gavetas. Traga-me a manhã depois de ter amado à noite. Traga-me a noite depois de ter odiado à tarde. Traga-me areia fora da ampulheta, o resto de música que fica no copo. Traga-me tua risada, a loucura, o palavrão. Traga-me alguma senha esquecida, algum pente esquecido na bolsa. Traga-me a aparência de quem não chegou a tempo. Traga-me a Bíblia marcada com fita de cabelo. Traga-me os mistérios gozosos. Traga-me a salvo o ainda que não abrimos juntos.(Fabrício Carpinejar)
sexta-feira, 10 de junho de 2016
EU NÃO LAMENTO NADA
"je ne regrette rien"
Sou como Edith Piaf, "Je ne regrette rien" (não lamento nada). Fiz o que quis e fiz com paixão. Se a paixão estava errada, paciência. Não tenho frustrações, porque vivi como em um espetáculo. Não fiquei vendo a vida passar, sempre acompanhei o desfile!!!!
sábado, 4 de junho de 2016
SÓ UM DEVANEIO
As vezes acordava de noite e via as estrelas avançarem tão convincentes que
não podia entender que alguém fosse capaz de desperdiçar tanto mundo (Rilke)
não podia entender que alguém fosse capaz de desperdiçar tanto mundo (Rilke)
Quase três da manhã e eu aqui pensando no quanto tenho preguiça de gente com pouca coragem. Não tenho nada contra os cautelosos demais, não. É só preguiça mesmo. Da pessoa não tentar (quando quer), não se arriscar, não conseguir se livrar das culpas e ficar sempre naquele minúsculo ”mundinho do politicamente correto“. Tipo: eu até tento entender porque também tenho medo dos riscos. Já dizia minha avó que medo é sinal de inteligência, de faro, de instinto, de saber identificar os perigos. Mas, usar essa cautela toda como uma desculpa para tudo, para não viver, me dá uma preguiça danada. Prefiro mil vezes ter um problema novo por dia, a ter de reviver o mesmo problema todos os dias. É só uma questão de atitude, sabe? E, pra ter atitude, não precisa necessariamente ser “maluco beleza”,“porra louca”, ou coisa do gênero. Mas é preciso sair do script um pouco. Ser inconveniente de vez em quando. Rir na cara de alguém. Falar alguma bobagem. Instigar. Provocar. Irritar – quando necessário. Ser bobo, hora e outra, e tirar um barato da própria cara. São essas coisas que me devolvem o ar em meio ao sufoco da vida.
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Se você for tentar, vá até o fim.Senão, nem comece.
Se você for tentar, vá até o fim.
Isso pode significar perder namoradas,
esposas, parentes, empregos e
talvez sua cabeça.
Isso pode significar perder namoradas,
esposas, parentes, empregos e
talvez sua cabeça.
Vá até o fim.
Isso pode significar não comer por 3 ou 4 dias.
Pode ser congelar em um banco de praça.
pode ser cadeia,
pode ser o ridículo,
chacota,
isolamento.
Pode ser congelar em um banco de praça.
pode ser cadeia,
pode ser o ridículo,
chacota,
isolamento.
Isolamento é a dádiva.
Todo o resto é um teste de sua resistência
do quanto você realmente quer fazer isso.
Todo o resto é um teste de sua resistência
do quanto você realmente quer fazer isso.
E você vai fazer
Independente da rejeição e das piores dificuldades
será melhor do que qualquer outra coisa
que você possa imaginar.
será melhor do que qualquer outra coisa
que você possa imaginar.
Se você for tentar, vá até o fim.
Não há outro sentimento como esse.
você estará sozinho com os deuses
e as noites se inflamarão em chamas.
Não há outro sentimento como esse.
você estará sozinho com os deuses
e as noites se inflamarão em chamas.
Faça, faça, faça.
Até o fim.
Você guiará sua vida direto para o riso perfeito,
essa é a única boa briga que existe.
Você guiará sua vida direto para o riso perfeito,
essa é a única boa briga que existe.
*
Porque, às vezes, é preciso dizer - sem blefar – qual é o jogo. Jogue os dados, baby…
(incompletudes)
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