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terça-feira, 2 de julho de 2013

MODINHA DOS PROTESTOS

Quase fui pego pela “modinha” dos protestos. Quase fui para a rua pintado de verde-e-amarelo fingir que eu me importo. Mas escapei do vexame patriótico no último minuto devido a um mal-jeito terrível nas costas. Na verdade, eu não me importo, não me ufano, não estou nem aí para o Brasil. Sou alheio, alienado, apolítico, pobre de espírito, velho demais para caminhar quilômetros em passeatas. Meu voto é nulo. Ninguém me representa. Vivo na mediocridade, à margem dos grandes acontecimentos, sem conseguir me envolver com nada. Mas, se tivesse que escolher um lado, acho que escolheria os Vândalos, os Baderneiros, aqueles que têm muita raiva no coração. Sei lá, acho-os mais autênticos do que a menina fofa da cartolina. Não pense que me orgulho de ser assim. Não. Sinto tremendo vazio por ser incapaz de me apegar, de me engajar, de me apaixonar por uma causa qualquer. Juro, queria ter o mesmo sentimento de revolta de quem vai às ruas quebrar vidraças, derrubar muros. Acho bonito quem se encanta: por alguém, por um sonho, por uma bandeira. Eu, sem ideologia nenhuma, não busco utopias, mudanças, transformações, rupturas. Vivo à esmo, um dia de cada vez, como o “sujeito chato” da canção Ouro de Tolo, do Raul Seixas. Aquele “que não acha nada engraçado: macaco, praia, carro, jornal, tobogã”, olha-se no espelho e se sente um “grandissíssimo idiota”. Não é legal assumir isso. Mas como já assumi tantas fraquezas e decepções e desinteresses e babaquices, sigo afundado em minha letargia existencial sem me importar com o que os outros pensam de mim. A quem quer mudar o Brasil, força e sorte. A mim, que vim ao mundo sem entusiasmo, resta-me ficar sentado "no trono de um apartamento, com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar" Ih, acho que a depressão volta a me espreitar.. Marcos Guinoza

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