"Apesar do medo, escolho a ousadia. Ao confronto das algemas, prefiro a dura liberdade. Voo com o meu par de asas tortas, sem o tédio da comprovação. Opto pela loucura, com um grão de realidade" Lya Luft
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
É foda, mas é assim mesmo. Um dia você cresce e se torna adulto. E ser adulto é das coisas mais chatas do mundo.
Ser adulto é ser responsável, ter que fazer aquilo que não gosta, pagar contas, assumir compromissos, viver dentro de aborrecidas regras sociais. Não pode isso, não pode aquilo. “Ei, você não é mais criança pra ficar agindo como tal!”.
Ser adulto é perder a ingenuidade, a espontaneidade, o atrevimento de dar um beliscão no outro simplesmente porque não foi com a cara do outro.
Ser adulto é isso: aprender a se comportar de acordo. Em outras palavras: fingir, dissimular, representar seu “papel social”.
Aí o jeito é esperar a velhice para voltar a ser criança. Só os velhos e as crianças podem falar o que pensam – doa a quem doer.
Mas se ser adulto é chato, mais chato ainda é adulto que se comporta como criança mimada, dando showzinho para chamar atenção e para que suas vontades e caprichos e resmungos sejam atendidos.
Olha, chilique de adulto não dá!
Adulto que vive fazendo biquinho para ser paparicado merece escorregar numa casca de banana e cair de bunda no chão para que aprenda logo que o universo não gira ao seu redor e que as pessoas não estão à sua disposição.
Precisa de colo? Pode contar comigo.
Só não pense que vim ao mundo apenas para lhe servir.
O IDIOTA FELIZ!: Chilique de adulto não dá!
O IDIOTA FELIZ!: Chilique de adulto não dá!: É foda, mas é assim mesmo. Um dia você cresce e se torna adulto. E ser adulto é das coisas mais chatas do mundo. Ser...
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
CAIO FERNANDO ABREU
Te escrevo num insuportável humor fútil, ao som de Jane Birkin, num samedi après midi com um sol inesperado
e belo, belo. Hesitei entre fazer algo tipo sentar no Luxembourg e ler ou – eternamente Isaura – lavar roupa.
Escolhi a segunda hipótese, sou do signo de Virgem, e só de lembrar me dá vertigem”
Caio Fernando Abreu, em carta enviada de Paris, em 26 de março de 1994, para Paula Dip
domingo, 4 de agosto de 2013
Falta sempre alguma coisa e não é privilégio meu, eu sei. A vida é assim, já dizia Guimarães Rosa: esquenta, esfria, aperta, depois afrouxa...
Mas apesar de saber disso, eu ando me sentindo meio frustrada. Uma decepção tipo garoa fina de verão, que incomoda mas que não dá vontade de tirar o guarda-chuva da bolsa e carregar.
E não é tristeza de amor, não, obrigado.
É minha trajetória profissional que anda malograda. E meu entrosamento familiar.
Sinto-me deslocada, fora de lugar e tempo.
Meus dias tem sido todos feito segundas-feiras cinzentas. Levanto, me visto, como, trabalho no automático. Vontade nula. Ânimo zero. O resto são discussões bobas com meus pais, corridas no parque e cama.
Por sorte sobra um restinho de carinho das amigas, que me serve de consolo. Os risos lacrimejantes e o desânimo a três- estranho ménage à trois- que livram do tédio completo.
Eu reclamo sempre, vocês sabem. Mas não sou das que esperam que algo- além da chuva - caia do céu.
Tenho a cara e a coragem dos que, quando inconformados, saltam o risco de giz e vão à luta.
Tenho pânico daquelas pessoas que passam a vida lamentando tudo: família, amigos, trabalho, falta de tempo, até a solidão dos nativos mãoris lá na Nova Zelândia...
Caramba! Se há tanta insatisfação, porque não fazem algo para mudar?
Nunca fui do tipo que espera que as coisas aconteçam. Sou das que faz as coisas acontecerem.
Tenho a coragem de arriscar, de sonhar e de lutar para mim um futuro digno.
Acontece que ando sem rumo, me sentindo uma barata tonta sem saber exatamente o que fazer da vida.
Sempre tive muito claro o que queria para mim. Vocês que me leem há anos, sabem. Traço metas e as cumpro. Quando desisto, é porque já não tem mais importância na minha vida. Mas se tem, eu vou lá e meto a cara.
E agora, sobretudo, no último mês, tenho me perguntado: quais são suas projeções, Michele? Quais seus planos? O que você quer para você?
E não encontro respostas...
Estou sem planos. Sem perspectiva. Sem esperanças.
Isso me faz morrer por dentro.
Pensando a respeito, não acho este sentimento mau, de todo.
Talvez seja tempo de renovar os sonhos. Quem sabe, seja só questão de mudar meu ponto de vista... Às vezes, por questão de uma letrinha à toa, o ato, vira fato, o dolorido ganha cores- colorido.
Acho que é isso.
Seja como for, eu só quero sair deste marasmo.
Eu detesto rotina.
Detesto me repetir.
Eu quero situações novas. Sensações novas. Uma vida novinha- em branco- para que eu desenhe nela o trabalho, a moradia e o amor que quero para mim.
Talvez estas coisas estejam bem no meu nariz, delineadas em letras garrafais na porta da frente: SAÍDA.
Às vezes é assim: a solução está onde menos esperamos.
MAIS INSANIDADES
Ruídos, vozes humanas, zumbidos, apitos, buzinas, letreiros faiscantes, carros de propaganda : que tontura me dão!
A mim, bastam meus formigueiros interiores, que já são inquietos o bastante.
Às vezes eu me esqueço de olhar em volta. No entanto, há momentos em que eu desligo o áudio da vida.
É bom ouvir o silêncio.
Viver tão só de imagens. (Ou seriam cenas?)
O cachorro, com a pulga atrás da orelha. Os velhinhos que matam o tempo para que o tempo não lhes tire violentamente a vida. Os ônibus, com suas cores excêntricas e cítricas. (Isso foi o que pensei. Na acidez da laranja e do limão. Que mau gosto de quem escolheu!)
O passarinho, que gradualmente me vai roubando a inércia com seu canto despreocupado. E as mãos que me chamam a atenção...
Lembrei do "velho Alvaro" do Érico Veríssimo e pensei "é bom a gente não ter vergonha. Todo o mundo é nosso."
sábado, 3 de agosto de 2013
SEM SABER
Ainda não entendi por que é que toda vez que alguém recita a famosa frase "Só sei que nada sei" a pessoa o faz com displicência, sorrindo, como se estivesse fechando com chave de ouro alguma discussão que andava em círculos. Como se com isso tomasse as rédeas da razão e não pudesse mais ser questionado. Pois eu o questiono.
Poucas coisas são tão dolorosas do que o achincalhe das nossas certezas. "É assim que se evolui" - concordo! Mas machuca! Não dá para rir. Eu não consigo. Toda vez que concluo que "nada sei" eu o faço com a resignação de quem se auto flagela.
A menos que o sujeito nunca tenha sido afeiçoado ao ato de pensar e não passe de um "retuitador" cego, ele vai sofrer a dor do crescimento.
Não admiro gente rala. É muito fácil pisar no que os outros construíram e sorrir dos desmoronamentos mas experimente construir seu próprio castelo, conclusão por conclusão, e depois descobrir que nada daquilo merece um alvará.
Descobrir que seu saquinho de certezas sempre esteve furado é duro. Constatar que as decisões tomadas eram, muitas das vezes, amparadas por pressupostos podres e se alguma coisa deu certo você já está no lucro...
Quem proclama "nada sei" sem a gravidade que a frase merece, é um bobão. Deveria pelo menos levar uma cachuleta pra acordar pra vida. A postura que se espera depois da constatação é a testa franzida e uns segundinhos de silêncio logo após a grave proclamação.
Somos assim: temos a mania de aguar tudo. Qualquer grande verdade só continua sendo grande enquanto é contestada. Nesse ponto o pessoal "do contra" presta relevante serviço à vida. Porque depois que um conceito é totalmente aceito a macacada o repete sem parar com aquela boca mole até que ele desbote e perca o vinco.
Algumas frases deveriam permanecer guardadas dentro de um recipiente de vidro e, ao lado, um martelinho e uma placa: "só quebre em situações relevantes.". Só assim para levarmos as coisas mais à sério.
Ah você quer uns exemplos de frases que deveriam ficar no vidro? "Mãe só tem uma", "Tudo passa", "Só sei que nada sei", "A vida é curta"... E por aí vai. Se você tiver mais algumas sugestões, pode dizer nos comentários mas não esqueça: cenho franzido e ar grave, porque aqui é tudo muito sério. ( CRISTINA FARAON)
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