"Apesar do medo, escolho a ousadia. Ao confronto das algemas, prefiro a dura liberdade. Voo com o meu par de asas tortas, sem o tédio da comprovação. Opto pela loucura, com um grão de realidade" Lya Luft
domingo, 4 de agosto de 2013
Falta sempre alguma coisa e não é privilégio meu, eu sei. A vida é assim, já dizia Guimarães Rosa: esquenta, esfria, aperta, depois afrouxa...
Mas apesar de saber disso, eu ando me sentindo meio frustrada. Uma decepção tipo garoa fina de verão, que incomoda mas que não dá vontade de tirar o guarda-chuva da bolsa e carregar.
E não é tristeza de amor, não, obrigado.
É minha trajetória profissional que anda malograda. E meu entrosamento familiar.
Sinto-me deslocada, fora de lugar e tempo.
Meus dias tem sido todos feito segundas-feiras cinzentas. Levanto, me visto, como, trabalho no automático. Vontade nula. Ânimo zero. O resto são discussões bobas com meus pais, corridas no parque e cama.
Por sorte sobra um restinho de carinho das amigas, que me serve de consolo. Os risos lacrimejantes e o desânimo a três- estranho ménage à trois- que livram do tédio completo.
Eu reclamo sempre, vocês sabem. Mas não sou das que esperam que algo- além da chuva - caia do céu.
Tenho a cara e a coragem dos que, quando inconformados, saltam o risco de giz e vão à luta.
Tenho pânico daquelas pessoas que passam a vida lamentando tudo: família, amigos, trabalho, falta de tempo, até a solidão dos nativos mãoris lá na Nova Zelândia...
Caramba! Se há tanta insatisfação, porque não fazem algo para mudar?
Nunca fui do tipo que espera que as coisas aconteçam. Sou das que faz as coisas acontecerem.
Tenho a coragem de arriscar, de sonhar e de lutar para mim um futuro digno.
Acontece que ando sem rumo, me sentindo uma barata tonta sem saber exatamente o que fazer da vida.
Sempre tive muito claro o que queria para mim. Vocês que me leem há anos, sabem. Traço metas e as cumpro. Quando desisto, é porque já não tem mais importância na minha vida. Mas se tem, eu vou lá e meto a cara.
E agora, sobretudo, no último mês, tenho me perguntado: quais são suas projeções, Michele? Quais seus planos? O que você quer para você?
E não encontro respostas...
Estou sem planos. Sem perspectiva. Sem esperanças.
Isso me faz morrer por dentro.
Pensando a respeito, não acho este sentimento mau, de todo.
Talvez seja tempo de renovar os sonhos. Quem sabe, seja só questão de mudar meu ponto de vista... Às vezes, por questão de uma letrinha à toa, o ato, vira fato, o dolorido ganha cores- colorido.
Acho que é isso.
Seja como for, eu só quero sair deste marasmo.
Eu detesto rotina.
Detesto me repetir.
Eu quero situações novas. Sensações novas. Uma vida novinha- em branco- para que eu desenhe nela o trabalho, a moradia e o amor que quero para mim.
Talvez estas coisas estejam bem no meu nariz, delineadas em letras garrafais na porta da frente: SAÍDA.
Às vezes é assim: a solução está onde menos esperamos.
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