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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

SOLITÁRIOS

Solitários quase sempre buscam companhia em bancos vazios, planejam amores nas sufocadas vozes em longos telefonemas fora de alcance e morrem nadando em mares de tantos peixes. Todo solitário é masoquista. Castigam sua dor fazendo reverência a reis depostos, inflam balões para festas que nunca serão convidados e invejam camas onde nunca irão desabar cansados do êxtase que não houve. Solitário é sempre vítima de abandono. Autoflagelado que chora egoísta por uma visita, uma mão que o contorne em traços, um abraço convulso de paixão. Solitário é sempre o cão banido de casa. Um espetáculo de pessoa que desmorona em autopiedade frente ao espelho, chora na quina do quarto e sorri quando amanhece e veste a máscara da espera por outro dia que começa e por alguém que talvez interrompa seu estado mórbido de sofrimento. Todo solitário é mais humano.

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