"Apesar do medo, escolho a ousadia. Ao confronto das algemas, prefiro a dura liberdade. Voo com o meu par de asas tortas, sem o tédio da comprovação. Opto pela loucura, com um grão de realidade" Lya Luft
domingo, 12 de janeiro de 2014
MULHER PERDIGUEIRA - CARPINEJANDO
Meus amigos reclamam quando suas namoradas os perseguem. Lamentam o barraco do ciúme, a , o cerceamento dos horários.insistência dos telefone, para falarem praticamente nada, o cerceamento dos horários.
Sempre as mesmas tramas de tolhimento da liberdade, que todos concordam e soltam uma gargalhada buscando um refúgio para respirar.
Eu me faço de surdo.
Fico com vontade de pedir emprestada a chave da prisão para passar o domingo. Acho o controle comovente. Invejável.
Não sou favorável á indiferença, á indiferença, á independencia, ao casamento sartreano. Fui criado para fazer um puchadinho, agregar família, reunir dissidentes, explodir em verdades. Duas casas diferentes já é vigem, não me serve.
Aspiro ao casamento pirandelliano, um a procura do outro. Sou um totalitário na paixão.Um tirano. Não me dê poder que escravizo. Não me dê espaço que cultivo. Não me eleja democraticamente que mudo a constituição e emendo os mandatos.
Quero uma mulher perdigueira, possessiva, que me ligue a cada quinze minutos para contar uma ideia ou uma nova invenção para salvar as finanças, quero uma mulher que ame meus amigos e odeie qualquer mulher que se aproxime. Que arda de ciume imaginário para prevenir qualquer o que nem aconteceu. Que seja escandalosa na briga e me amaldiçoe por abandoná-la. Que faça trabalhos em terreiro para me assustar e me banhe de sol grosso com a sua nudez.Que feche o meu corpo quando sair de casa, que descosture quando eu voltar.
A mulher que ninguém quer eu quero. Contraditória, incoerente, descabida. Que me envergonhe para respeitá-la.Que me reconheça para nos fortalecer.
O amor é uma comissão de inquérito, é abrir as contas, é grampear o telefone, é cheirar as camisas. É também o perdão, não conseguir dormir sem fazer as pazes.
O amor é cobrança, dor de cotovelo, não aceitar uma vida pela metade, não confundi-la com segurança. Exigir mais vontade quando ela se ofereceu por inteira.Enlouquecê-la para pentear seus cabelos antes do vento.
Sou doido, mas doido varrido. Bem limpo. Aprendi a usar a furadeira e agora entro fácil em parafuso. Quero uma mulher imatura, que possa adoecer e se recuperar ao me lado. Uma mulher me provoque quando não estou afim. Que dance em minhas costas para me reconciliar com o passado. Que me acalme quando estou no fim do filtro. Que me emagreça de ofensas.
Quero uma mulher que esqueça o nome do sue pai e de sua mãe para nascer em meus olhos. Em todo o momento. A toda hora. Incansavelmente.E que eu esteja apaixonado para nunca desmerecê-la, que esteja apaixonado para nunca diminui-la aos amigos.
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