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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

"Eu não consigo diminuir o ritmo, sou ofendida de ansiosa inconseqüente, precipitada (não existe hipótese de precipitada ser usado como elogio). Se fosse cachorro, receberia coleira e correntes. Se fosse pássaro, estaria numa gaiola. Se fosse gato, o dono"

REFLETINDO

Os dias passam, as horas voam. O tempo é um bicho arredio que não me deixa domá-lo. A vida na cidade grande que tanto me encanta de repente me sufoca. Perdemos tempo no trânsito, procurando insanamente uma vaga, em filas variadas - na padaria, no supermercado, na entrada do elevador, na videolocadora, na lavanderia. Estou cansada. Sinto falta de encontros, de ócio, de ver a vida passar. Saudade de algo que não vivi. De tricotar sentada numa cadeira na varanda da frente da casa. De uma casa sem muro, num lugar qualquer que dispense muros. E grades. Onde só haja janelas e portas. Onde as pessoas cumprimentem-se sorridentes e se chamem pelos nomes, ou pelos apelidos. E façam comida em casa e presenteiem-se com bolos e quindins.

EUCALIPTOS NA JANELA

eucaliptos na janela

“o problema é que quero muitas coisas simples,

então pareço exigente...”

Fernanda Young


É estúpido, eu sei, mas peço por um grande amor todas as noites. E que meu grande amor me diga: você não se enganou, eu estou aqui. E rodeie-me, num abraço que dure em mim o dia todo, porque sinto muita falta de acolhimento.


Procuro alguém que queira receber a minha liberdade, sem tomá-la. Que saiba cuidar desse “vão” bonito que deve haver entre as pessoas, e que tenha a medida da canção do Cazuza, porque “eu quero a sorte de um amor tranquilo...”.


Quero um amor barroco.

Com os excessos que já nem lembro.

É estúpido, eu sei, mas quero um amor que não me deixe partir nunca mais...

terça-feira, 4 de agosto de 2015

APENAS

O cheiro da pólvora ao riscar o fósforo. A água fervendo no fogão . O café sem açúcar. As ruas ainda vazias. Os pés pisando em folhas secas. O primeiro raio de sol batendo no rosto . A música tocando nos fones da alma. O cachorro de rua abanando o rabo. O plástico bolha. A palavra escrita. . Os sonhos de quem não dormiu ainda acordados. As angústias dormindo até mais tarde. Meus dilemas sonolentos e silenciosos até agora. O banho quente e demorado antes de ir para o trabalho: de todas as minúsculas felicidades do meu dia, nenhuma até agora inclui pessoas

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

UM NOVO AMOR

Eu vou inventar um novo amor que ainda não foi descoberto, feito pra não doer, nem adoecer. Vou fazer paredes coloridas que derretem quando a tristeza chega perto, só pra sair da frente e deixar um vento com som de piano entrar...Vou inventar avós que nunca morrem e cachorros também... Eu vou inventar uma verdade sem problemas e um caminho doce pra poder voltar e catar todos os caramelos que tiraram de mim...E mesmo que tudo dê errado, mesmo assim, não tem problema. Eu deito no telhado de uma casa qualquer, olho pro céu e invento uma nuvem que chove sorrisos, bem em cima de mim

ACORDA

Não, meu bem. Eu não sou uma donzela em apuros. Não preciso de resgate. Ainda que pareça, muitas vezes, um gato assustado com seu pequeno novelo embaraçado, fim do universo. Não. Não se engane. Não tenho raiva do mundo, ou da vida, ou da sorte. Luto com planos mirabolantes-alternativos, entre sorrisos, palavras, e, pequenas sacanagens. Só uma menina. Crescida. Vou ninando minhas poucas ilusões – necessárias para arte, aquela de viver o bom combate. Entre o sujo e o sacro. Entre o céu e o inferno. Saltitante em minha desajustada amarelinha. Porque tudo, entre as linhas que se escreve, é um grande jogo de hipóteses. Há quem goste. Quem jogue. Onde estão seus dados? Salte. Mesmo vestido de blefe. E quem não blefa? O tempo inteiro, esqueça. Não sou um gatinho assustado, perdido em lugar nenhum do mundo. Guarde os infláveis, porque voo com o vento. Céu e inferno. Sem resgate. Lamento. Não sou uma menina bonita. Não quero ser uma menina bonita. Às vezes, acendo o cigarro – entre outras santas e tantas frágeis maldades. Sem perigo. À vontade. Não… não sou uma menina bonita… Vês? Quase sete. E não é que o dia – de novo – amanhece? Acorda!

  Descuidou-se por um instante e as bolas escaparam, correram desnorteadas pela rua. Ela tentou agarrá-las, mas era tarde. As bolas correram...