POSTAGEM MAIS ANTIGAS

terça-feira, 17 de julho de 2012

ANA JÁCOMO

É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é
farto, e o chope é gelado. É fácil amar o outro nas férias de verão,
no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário de vez em
quando.
Difícil é amar quando o outro desaba, quando não acredita em mais
nada. E entende tudo errado. E paralisa. E se vitimiza. E perde o
charme. O prazo. A identidade. A coerência. O rebolado. Difícil amar
quando o outro fica cada vez mais diferente do que habitualmente ele
se mostra ou mais parecido com alguém que não aceitamos que ele
esteja. Difícil é permanecer ao seu lado quando parece que todos já
foram embora, quando as cortinas se abrem e ele não vê mais ninguém na
platéia. Quando o seu pedido de ajuda, verbalizado ou não, exige que a
gente saia do nosso egoísmo, do nosso sossego, da nossa rigidez, do
nosso faz-de-conta, para caminhar humanamente ao seu encontro. Difícil
é amar quem não está se amando. Mas esse talvez seja, sim, o tempo em
que o outro mais precisa se sentir amado. Eu não acredito na
existência de botões, alavancas, recursos afins, que façam as dores
mais abissais desaparecerem, nos tempos mais devastadores, por pura
mágica. Mas eu acredito na fé, na vontade essencial de transformação,
no gesto aliado à vontade, e, especialmente, no amor que recebemos,
nas temporadas difíceis, de quem não desiste da gente.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE O SEU COMENTÁRIO... OBRIGADA PELA VISITA. BJOS

  Descuidou-se por um instante e as bolas escaparam, correram desnorteadas pela rua. Ela tentou agarrá-las, mas era tarde. As bolas correram...