"Apesar do medo, escolho a ousadia. Ao confronto das algemas, prefiro a dura liberdade. Voo com o meu par de asas tortas, sem o tédio da comprovação. Opto pela loucura, com um grão de realidade" Lya Luft
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
sábado, 27 de outubro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
DO MEU AMIGO SAMUEL
Querer
Rosa era o seu nome, e, como a mulher dos
meus sonhos, aquela de quem nunca saberei
todos os segredos e para quem sempre terei
uma história nova; era misteriosa, elegante,
cheia de enigmas. Suas linhas perfeitas
escondiam-lhe muito bem a idade. Muito se
contava a seu respeito. Grandes aventuras,
viagens perigosas. Todos na ilha a conheciam.
Não resisti, e fui ter com ela. E, desde a hora
em que devei os olhos em suas doces curvas,
não descansei mais até que fosse minha.
Pertencia a um velho pescador, e não foi
fácilfae-lo entender esta súbita paixão.
Rosa IX, linda e encantadora canoa de nobre
madeira, o caubi, nove metros talhados de uma
única tora, linhas perfeitas, traço fino, estilo
apurado, um verdadeiro caso de amor. Foi no
Natal de 1977, na ilha de Santo Amaro, e,
fechado o negócio, eu nem pensara em como
levá-la até Paraty. Fomos juntos, por mar, e
vivi então a minha primeira travessia, a sós,
por dois dias e uma noite.
Amyr Klink"
Barbarela...(Azimute)
Eu quero ver
Os girassóis amarelos
Não quero que nenhum monarca
Ou cogumelo
Apareça no meio da manhã
Pintando de cinza
O meu amor azul
Emperrando de areia
Meu rolimã...
Eu quero ver
Barbarela de biquíni
Não quero que nenhum psicopata
Ou homem das neves
Apareça na tela
Pintando de branco
O meu amor azul
Borrando de nanquim
Minha aquarela...
Eu quero ver
Os olhos de Julieta masina
Não quero que nenhum esperto Esparta
Ou romano
Apareça no meio do cenário
Pintando de rubro escarlate
O meu amor azul
Cobrindo de polens mortos
Meu lindo orquidário...
Eu quero ver
O lirismo de Lisbela
Quero as cores de Hanna Barbera
Não quero que nenhum poliglota
Ou autodidata
Apareça no meio da praça
Enchendo de nevoa
O meu amor azul
Cobrindo de duvidas pretas
O que antes era cheio de graça
Eu quero ver
A língua de Catarina Paraguaçu
Não quero que nenhum Luiz quinze
Ou aristocrata
Castre meu sonho tupã
Pintando de castanho
O meu amor azul
Cobrindo de zinabre
minha espada que é valente
como a de Dartanham
Eu quero ver
A indumentária de Cleópatra
Não quero que nenhum astro
Ou cometa
Se meta no meu azimute
Não quero que se mude
Nenhuma estrela ou trajetória
Nem que se extinga
Qualquer linha no horizonte
Quero apenas pintar de bronze
O meu amor azul
Quero apenas ver o eclipse com ela
Sereno sub um ártico polar
Ou tórrido sobre um tropico tupiniquim
Quero estar é com ela...
Embora seja utópico, dissonante.
E muito corajoso pensar assim.
Mathias Moreno
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
O AMOR DE UMA MULHER
"Quando o amor não resulta, ocorrem reacções
químicas nas nossas células. Surgem doenças, os
comportamentos histéricos e as depressões profundas.
Quando sentimos que somos usadas como objectos,
aquando os nossos corações se sentem despedaçados
e a nossa sexualidade é desprezada parece que
nos injectaram um líquido escuro nas nossas veias
emocionais. A nossa condição feminina é extremamente
importante. Quando é tratada com leviandade nós
explodimos."
marianne williamson
LEMBRANÇAS E LEMBRANCINHAS
A nossa vida é feita de pequenas sutilezas, gentis gestos que tecidos, como numa colcha de retalhos, vão formando um painel onde se encontram os nossos melhores momentos. Essa demonstração de carinho pode estar contida em detalhes amenos, como deixar um recadinho escrito à pessoa amada, mandar um email, telefonar só para dizer na pressa do dia-a-dia um rápido “te amo”. Não há dinheiro que pague por tudo isso. À vezes nos frustramos quando não recebemos essa atenção. Tenho um amigo que no dia do seu aniversário ficou o dia todo em casa, esperando a ligação do seu filho que estava distante. Não quis sair nem para comer uma pizza com os amigos. “Vai que ele liga!” Pois sua data natalícia evaporou-se como bolha de sabão e o filho não ligou. No dia seguinte ele reclamou comigo e eu tive que concordar. Acontecera comigo também algo na véspera e eu esperava pelo menos encontrar na segunda-feira pela manhã um recadinho mais ou menos assim: “Desculpe-me por ontem”. Mas se não teve telefonema pro meu amigo, pra mim não teve recadinho. Coisas da vida, diria o poeta. No mesmo dia encontro com outro amigo, reclamando que uma pessoa de seu relacionamento foi visitar Portugal e, ao invés de lhe trazer uma lembrancinha típica de lá, como um galo de Barcelos ou um daqueles pratinhos de porcelana com fotos de pontos turísticos, trouxe-lhe um litro de uísque. “Pô, e eu nem bebo!”, me disse ele. Meu amigo deixa no ar essa lição: quando for visitar algum lugar, traga para as pessoas queridas lembrancinhas de lá. Afinal, você periga ir a Portugal e na volta presentear um amigo com uísque made in Paraguai.Uma dentista que trabalhava comigo, Patrícia Capelatto, que hoje divide seu tempo entre Canadá, Alemanha e Austrália, foi um dia visitar as cidades históricas de Minas Gerais. Da cidade de Tiradentes ela me trouxe reproduções em gesso dos Profetas, obras do genial Aleijadinho. Guardo essas peças com o maior carinho. Não poderia receber presente melhor.Assim é a nossa vida, feita de lembranças e lembrancinhas... ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Camões Filho, jornalista, escritor e pedagogo, é membro titular da Academia Taubateana de Letras. E-mail para contato com o autor: camoesfilho@bol.com.br
sábado, 20 de outubro de 2012
VERÍSSIMO
” Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados (…) ” Luís Fernando Veríssimo.
FERNANDO PESSOA
Navegue, descubra tesouros, mas não os tire do fundo do mar, o lugar deles é lá. Admire a lua, sonhe com ela, mas não queira trazê-la para a terra. Curta o sol, se deixe acariciar por ele, mas lembre-se que o seu calor é para todos. Sonhe com as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar no céu. Não tente deter o vento, ele precisa correr por toda parte, ele tem pressa de chegar sabe-se lá onde. Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos, não pode molhar só o seu. As lágrimas? Não as seque, elas precisam correr na minha, na sua, em todas as faces. O sorriso! Esse você deve segurar, não deixe-o ir embora, agarre-o! Quem você ama? Guarde dentro de um porta jóias, tranque, perca a chave! - Fernando Pessoa -
O DIA EM QUE VI ESSA TAL FELICIDADE
O que é felicidade? Um carro novo? A vitória de nosso time de futebol? Um amor conquistado? Dinheiro? Saúde? A felicidade certamente tem muitos nomes, facetas e adjetivos. Certa feita a gente na redação do nosso jornal algumas elucubrações acerca do tema. Dizia nossa secretária que quando menina, para ela, quem tinha em casa geladeira, fogão a gás, televisão, chuveiro quente, essas frivolidades, era feliz. De minha parte dei o que para mim era a receita da felicidade, nos meus 12, 14 anos. Vivia então, participando de festivais estudantis de música (e modéstia à parte ganhava todos). Naquele momento meu sonho era possuir um gravador, para registrar minhas composições. Ter um aparelho desses era a felicidade. Um dia juntei dinheiro, comprei um gravador. E só então, com aquele aparelho frio em minhas mãos, percebi que não tinha comprado a tal da felicidade. Que ela é algo muito diferente. Inalcançável. Por coincidência na semana seguinte eu vi a felicidade bem de perto. E posso dizer: ela é linda. Voltava com o nosso fotógrafo de uma reportagem na cidade de São Luiz do Paraitinga. Passávamos pelo bairro do Belém. Foi ele, com seus olhos de objetiva, quem viu primeiro. Chamou minha atenção. Paramos os carros e demos carona para a dona felicidade. Era um palhaço. Isso mesmo, a felicidade era naquele momento um prosaico palhaço. Roupas coloridas e estrambóticas como convém a quem pretende fazer palhaçadas para ganhar a vida. Os cabelos eram de um amarelado forte, como cabelos de milho. O rosto escondido pela pintura e uma bola no nariz. O palhaço seguia para o seu serviço, numa loja do centro. E ia a pé, já caracterizado, para ganhar tempo. Estava atrasado o palhaço. Suas palhaçadas já retardavam muitos minutos. E foi dizendo o palhaço de seu dia-a-dia, das brincadeiras, da felicidade de conviver com as crianças. Do seu orgulho cada vez que agrada, quando contrai suas faces num sorriso. Da vida difícil, do dinheiro minguado. Mas da vontade de continuar fazendo suas palhaçadas. A verdadeira e total vocação do palhaço. Mas dentro dele nem tudo era alegria. O palhaço estava adoentado. Acometido de uma labirintite, sentia o mundo girar a seus pés. E quando tomava remédio para seu mal, batia-lhe uma sonolência terrível. Mas o espetáculo tem que continuar, sempre. E lá ia o palhaço, já fantasiado, cara pintada, caminhando o que seriam alguns quilômetros até o local de seu trabalho. O palhaço contou tudo isso. Chegando ao centro da cidade, desceu do carro, agradeceu a carona, fez umas palhaçadas para algumas crianças que seguiam para a escola e se perdeu ao longo da avenida. E lá se foi o palhaço abraçado com a dona felicidade... ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Camões Filho, jornalista, escritor e pedagogo, é membro titular da Academia Taubateana de Letras. E-mail para contato: camoesfilho@bol.com.br
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
INVENTANDO RAZÕES PARA EXISTIR
Sou frágil bola de sabão flutuando à toa pelo mundo. Sei que vou estourar em algum
momento: me decompor, desmanchar no ar, virar porra nenhuma. Pode ser hoje,
semana que vem ou daqui a cinquenta anos. Pode ser agora: ploft!
É essa certeza de finitude que faz eu continuar suportando a trivialidade da vida.
Que boa notícia: um dia, enfim, eu acabo. Ufa! Saio dessa barulheira para o silêncio
absoluto. Mas enquanto esse dia não chega, preciso seguir inventando novas razões
para existir a cada dia, a cada despertar.
Viver nada mais é que preencher o nosso tempo inventando coisas para fazer.
Qualquer coisa: fritar um ovo, pintar as unhas, escalar o Everest.
É o Tempo – esse déspota filho da puta – que nos governa com mão de ferro. A ele
devemos obediência, saciando as suas vontades extravagantes para não sermos
castigados com o Tédio.
Ontem, fui para a cozinha e fiz um bolo de sorvete. Hoje, ainda não consegui inventar
nenhuma razão nova para existir.
Como a maioria dos meus dias, hoje vou ter que me contentar com as sobras de
ontem.(marcos guinozaem)
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
(UM POEMA DE LANGSTON HUGHES) TADUÇÃO DE FERNANDO CAMPANELLA
(UM POEMA DE LANGSTON HUGHES)
TADUÇÃO DE FERNANDO CAMPANELLA
Conheço os rios:
rios ancestrais como o mundo
e mais remotos que o fluxo de sangue humano
em veias humanas.
Minha alma tornou-se profunda como os rios.
Banhei -me no Eufrates quando a aurora
era ainda criança.
Construí minha choupana às margens do Congo
que me adormecia com suas canções de ninar.
Voltei meus olhos ao Nilo e acima dele
alcei as pirâmides.
Ouvi o canto do Mississipe quando Abe Lincoln
até Nova Orleans por ele navegou
e vi seu coração lamacento dourar-se por inteiro
a cada declinar do sol.
Conheço os rios,
rios nevoentos, imemoriais.
Minha alma tornou-se profunda como os rios.
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
DIAS DIFÍCEIS
Estamos vivendo uma época bastante estranha. Muitas pessoas sentem desanimo, frustração e não encontram muito significado em alguns acontecimentos do mundo. Outras sentem uma diminuição de energia e até mesmo da saúde. O que está acontecendo? Não dá mais para fazer de conta que não está acontecendo nada. Até mesmo o planeta está mostrando mudanças sérias na sua natureza e, consequentemente, vai nos obrigar a mudar a forma como entendemos a palavra Evolução. Na verdade, a Terra está se preparando para uma nova forma, ou melhor, uma nova frequência. O que é exatamente isso? Nada mais é que um novo estilo de vida que nos obrigará a sermos mais cooperativos. Ou mais amorosos, que significa praticamente a mesma coisa. A escolha é simples: vou continuar sendo mais materialista ou mais espiritual? Chegou a hora de decidir. Pequenas mudanças vão começar a acontecer para estimular essa decisão, motivando as massas a escolherem um novo tipo de vida. Pense um pouco no sistema monetário de hoje, que privilegia poucos. Você já deve saber, por exemplo, que o poder do dinheiro está nas mãos dos banqueiros. Nos últimos 10 anos, muitas pessoas começaram a descobrir que isso tudo está errado. Foi aí que muitos quiseram literalmente sair do sistema, o que visualizamos no movimento hippie. Os valores antigos, baseados somente no lucro, vão mudar. Mas a mudança só ocorrerá quando uma grande quantidade de pessoas despertar. Por isso, a importância agora da decisão. É difícil reclamar de tudo isso. Mas é mais difícil ainda criar um novo sistema. Entretanto, se você se conectar com a sua consciência superior (coração), pode perfeitamente viver a sua vida de acordo com o que acredita que é certo. Se emprestar dinheiro, pense na real importância de cobrar juros. Algumas pessoas cobram juros de seus próprios amigos! De qualquer forma, não deixe que o mundo mude você. Você também não precisa mudar o mundo. Você não precisa de sucesso. Precisa ser fiel a você mesmo. Fiel a quem você é. E não ser um robô do sistema. Faça o que seu coração manda. Seja fiel ao amor. Nesse ponto fica uma pergunta: qual a diferença entre ilusão e realidade? Se você não experimentar amor, você experimenta a ilusão. A vida não é complicada. A mente é que complica tudo. Por isso, é preciso aprender a equilibrar as energias. Primeiro, lembre-se que quando você tem consciência o tempo todo de como você se expressa, há equilíbrio. Se ninguém resistir á você, ou seja, se você expressa luz, há impacto em todos ao seu redor. Se você encontrar alguém com pouco entendimento, diminua um pouco a sua luz para não assustar o outro. É preciso eliminar a mania que muitos tem de viver em competição. Permita que as coisas venham para você como elas são, assim você equilibra naturalmente as suas energias. Permita que as pessoas sejam como elas são. Cada momento é novo. E durante esse momento nós precisamos ficar sensíveis e sem vontade de controlar. É preciso definir melhor o que você quer da vida. É preciso mais foco. A propósito, os relacionamentos são chaves para o despertar. E para terminar, anote: sem confiança não há luz. Sem luz, não há vida. Robert Happé
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