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segunda-feira, 3 de junho de 2013

VENHA..

Venha, me conte histórias. Comova-me com suas vergonhas mais bobas, revele-me segredos incontáveis. Faça-me participar das suas fotografias, das suas sobremesas, da sua morte. Navegue-me pelos seus pânicos, abra a cortina das memórias inventadas, não negue nada. Acima de tudo, não negue nada. Mude-me para sua casa, pendure-me junto com as chaves. Esqueça-me. Distraia-me com suas amantes imaginárias. Convide-me à sua solidão. Leve-me ao batizado dos seus fantasmas. Elogie-me para desconhecidos. Apresente-me seus piores parentes. Comente os versos de que você gosta, um por um. Faça-me sentir o arrepio dos espelhos. Não desista, não desista. Deixe-me nervosa, engolindo pensamentos e mastigando sílabas. Faça-me corar e sentir raiva de vermelhos. Perca-me pela vida. Acenda velas para mim na sua encruzilhada favorita. Reze por mim. Pegue minha tristeza no colo, tenha pena de mim. Afague-me, acarinhe-me, me dê ombro e sofá. Dê chá e goiabinhas piraquê, cigarros e contos de fada. Lamba minhas lágrimas. Empreste-me seus olhos. Diga que tenho boca de se perder e olhos de se achar. Enfeitice-me. Invada meus pensamentos nas salas de espera; ria de mim, nunca em sustenidos. Me faça acordar no meio do dia para viver poesia de encontros. Me deixe boba e molenga. Deite-me e cale-me. Faça-me sentir seu peso sobre mim. Esmague-me e invada-me. Me faça gozar à força. Apresente-me o vácuo. (fabrício Carpinejar)

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